Conseguir um emprego no Brasil está cada vez mais difícil. De acordo com o último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o desemprego atinge quase 13 milhões de brasileiros. E as mulheres são as mais atingidas, 54,8% das pessoas que estão em busca de recolocação no mercado de trabalho no país são do sexo feminino.
Para amenizar as questões sociais que acentuam a desigualdade de oportunidades e deixam as mulheres em situação vulnerável economicamente, o e-commerce Achei Montador, em parceria com a Léo Social e o Sebrae Delas lançou no ano passado o Projeto “Achei Montadoras”, que ensina mulheres, principalmente refugiadas e de baixa renda a profissão de montagem de móveis e instalação de suportes domésticos. Além da capacitação sobre gestão e empreendedorismo online.
Love N Desir é uma das 76 mulheres que já se formaram no projeto. Haitiana refugiada no Brasil há quatro anos, a profissão é uma forma de garantir algum tipo de renda para a família. “Quando cheguei ao Brasil, não tive as oportunidades que achei que teria e tive muita dificuldade em conseguir um emprego”, explica. O curso foi uma oportunidade que Love teve de adquirir uma profissão e conquistar a independência financeira. “Já conclui o curso e gostei bastante. O meu objetivo é colocar em prática tudo o que aprendi e isso se tornar a minha profissão”, conclui.
Ao final do curso, as alunas têm a possibilidade de ingressar na plataforma de e-commerce da Achei Montador como profissionais e começar a atender os chamados de clientes da região. “A intenção é que essas mulheres consigam de fato ter uma renda com a montagem de móveis e a nossa plataforma é uma ótima maneira para que elas comecem a exercer todo o seu conhecimento atendendo”, explica Geraldo Rigoni, CEO e fundador da Achei Montador.
Sandra Ciclini é mais uma profissional que também passou pelas primeiras turmas do curso e já está atuando na plataforma. “Eu me apaixonei pela montagem de móveis com o meu pai, que era marceneiro. Sempre tive contato com as ferramentas e, ao contrário do que muitos pensam, sempre soube que essa era uma função também de mulheres”, conta.
As mulheres ainda precisam passar por cima do preconceito que existe no mercado para ingressar em profissões consideradas masculinas. Sandra comenta sobre a dificuldade em se desenvolver em meio aos homens “Sempre colocaram para gente que profissões masculinas são uma coisa de outro mundo, mas a gente consegue sim, e fazemos muito bem. Tanto é que estamos conseguindo. Estou me sentindo realizada em fazer algo que gosto e ter a experiência na prática”, completa.
No Brasil, as mulheres recebem cerca de 77% dos salários dos homens, segundo dados do IBGE de 2019. Além disso, a presença delas no mercado de trabalho ainda é baixa, deixando o grupo em situação de vulnerabilidade. Apenas 54,6% das mulheres de 25 a 49 anos com crianças de até três anos de idade estavam empregadas em 2019, enquanto os homens na mesma condição correspondem a 89,2%.
Assessoria.