Nesta terça-feira, 5 de setembro, é celebrado o Dia Internacional da Mulher Indígena. Com o objetivo de celebrar a data, exaltar a luta e promover a visibilidade das mulheres indígenas, a Prefeitura de Campo Grande, através da Subsecretaria de Defesa dos Direitos Humanos (SDHU), promoveu um ato reunindo representantes e lideranças de todas as etnias que compõem os povos originários da Capital.
O evento aconteceu na Praça Comendador Oshiro Takemori, onde fica a tradicional Feira Indígena, em frente ao Mercadão Municipal. A presidente da Associação dos Feirantes Indígenas de Campo Grande, Élida Fátima Júlio Antônio, exaltou a iniciativa e a valorização das mulheres indígenas, que formam a maioria entre os comerciantes que atuam na feira.
“Hoje é um dia especial para todas nós. Temos trabalhado aqui nesse espaço há muitos anos e somos gratas pelo reconhecimento, pela gestão municipal abraçar nossa causa e olhar para a gente como mulheres capazes, empreendedoras e que têm papel fundamental na economia das nossas famílias”, pontuou.
Conforme destacou a prefeita Adriane Lopes, a participação das mulheres indígenas tem sido cada vez maior na elaboração e implementação de ações e projetos da administração municipal voltados à população indígena.
“Nós temos ouvido as mulheres indígenas nas aldeias para entender as necessidades e elencar prioridades, para juntos buscar soluções de maneira rápida e efetiva. Seguiremos avançando, trabalhando em parceria com essas mulheres de garra e determinadas, que são fundamentais na construção das políticas públicas que impactam no futuro e na perpetuação da cultura e dos costumes dos povos originários”, salientou a chefe do Executivo Municipal de Campo Grande.
A subsecretária de Defesa dos Direitos Humanos, Thais Helena, afirmou que a data é um marco de luta e resistência da mulher indígena. “A luta da mulher é difícil por si só, a luta da mulher indígena é ainda mais difícil, tendo que quebrar diversas barreiras, dentre elas, a do machismo estrutural, para garantir a cultura da paz para essas guerreiras”, frisou.
Para a cacique Alicinda Tibério, da Aldeia Água Bonita, o evento é também um convite para que, cada vez mais, as mulheres indígenas se interessem e participem do universo político, ocupando cadeiras e lugares de decisão, em todas as esferas de poder.
“Somos mais de 18 mil indígenas em Campo Grande, de maneira geral, falando de mulheres, somos a maioria dos eleitores nas urnas. Precisamos ocupar esses espaços, decidir nossas questões políticas, pois se não fizermos isso, continuaremos deixando para que façam por nós”, destacou.
Integrante do Conselho Nacional de Mulheres Indígenas, Mirian Terena, da Aldeia Lagoinha, falou da importância da ação para que o significado da data seja difundido e, assim, mais pessoas abracem a causa.
“Hoje nós celebramos o 5 de setembro, mas muita gente não sabe o que significa. Não podemos esquecer essa data que é um símbolo de luta pela inclusão, respeito, oportunidade e visibilidade das mulheres indígenas”, frisou.
O professor Elvisclei Polidório, coordenador regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) de Campo Grande, parabenizou as mulheres e relembrou a infância com a mãe feirante.
“A mulher feirante mostra a força da mulher indígena. Uma vida de sacrifícios, lida dura, vindo de sua aldeia para a região central da cidade para garantir o sustento de seus filhos, pensando no bem-estar da família. Quando criança, no ano de 1989, por diversas vezes eu vim para cá com minha mãe que vendia cerâmicas e produtos da roça e, desde cedo, aprendi o valor e a importância desse trabalho.”
“Nós temos visto o empoderamento da mulher indígena em Campo Grande, hoje temos duas caciques, mulheres que têm espírito de luta, sensibilidade e senso de justiça. Quando vejo as nossas irmãs aqui, lembro da minha avó, das nossas comidas típicas e da educação que essas mulheres sempre nos deram, então, muito mais que parabenizá-las pela data, é um dia de agradecer por tudo que representam”, lembrou o coordenador de Defesa das Populações e Comunidades Indígenas, Deomir Candelário.
Dia Internacional das Mulheres Indígenas
A data foi instituída em 1983, durante a Segunda Reunião de Organizações e Movimentos das Américas, realizada em Tiwanaku, na Bolívia.
A data relembra a morte de Bartolina Sisa, mulher indígena da etnia aimará, ocorrida em 5 de setembro de 1782.
Conforme o Ministério da Justiça e Direitos Humanos da Argentina, Sisa foi assassinada pelas forças imperiais na região do Alto Peru (atual Bolívia) ao encabeçar revoltas contra o domínio espanhol na América.