Hora de recarregar as baterias. Chegou ao fim a temporada 2022/2023 da robótica nas modalidades F1 in Schools, FIRST Tech Challenge (FTC) e FIRST Robotics Competition (FRC). O Festival Sesi de Robótica Off-Season, disputado no último fim de semana na Marina da Glória, no Rio de Janeiro (RJ), reuniu 800 estudantes e 88 equipes de 24 estados do país para disputas de tirar o fôlego.
Quem ainda não conhece a dinâmica dos torneios e as características únicas de cada modalidade pode até ficar confuso em meio à explosão de cores, formas e sons que tomam conta das arenas e dos pits. Por isso, nossos alunos e professores convidam você a descobrir os detalhes desse universo fascinante. Depois de assistir ao vídeo, garantimos que vai ser fácil virar fã de robótica!
Gigante, pesado e ágil: conheça o robô da FRC
Robôs de até 55 kg e mais de 1 metro de altura, com grande agilidade de movimentos na arena. São eles os personagens principais da modalidade FIRST Robotics Competition (FRC). Para construir essas máquinas impressionantes, os alunos precisam desenvolver conhecimentos em engenharia, matemática, elétrica, programação computacional, entre outras.
A TechVikings, da Escola Sesi de Naviraí, é a única da Rede Sesi de Educação em Mato Grosso do Sul a competir na FRC. O aluno José Gabriel Siqueira Braga apresenta os principais componentes do robô Axel.
“A parte principal é o ‘drive train’, que é onde ficam as rodas e os motores. Na parte de baixo, fica uma placa de madeira com todos os componentes elétricos necessários para mover o robô com a programação que criamos para ele. A parte de cima chama-se atuador. A nossa é uma garra que sobe, desce, estende, abre e fecha. A gente usa a garra para pegar cones e cubos dentro da arena para somar pontuação. A maior dificuldade de construir um robô desses é executar o projeto da melhor forma possível com os recursos disponíveis”, explica.
Estratégia é o segredo do sucesso na modalidade FTC
Os robôs da modalidade FIRST Tech Challenge (FTC) são construídos em menor escala, se comparados aos gigantes de metal da FRC, mas isso não significa que demandam menos complexidade técnica. As equipes precisam formar alianças para somar o maior número de pontos e avançar na competição. Essa estratégia é um fator fundamental para o sucesso, como explica Patrick Piai, da Tera Robotics, da Escola Sesi de Três Lagoas.
“Cada equipe pode escolher de três a quatro competidores para entrar na arena. São dois pilotos que controlam a movimentação e a garra do robô, um jogador que posiciona os cones e o técnico para passar a estratégia. Usamos uma folha para desenhar a estratégia com as outras equipes, e estreitamos os laços entre os integrantes para escolher a melhor estratégia naquela rodada”, diz.
“Robótica é muito mais do que construir robôs”. Essa é uma frase corriqueira que se ouve nas arenas dos torneios de robótica. O técnico Carlos Roberto Campos, da Tupitech, aponta os atributos que os alunos desenvolvem quando mergulham nesse universo. “A robótica enfatiza a autonomia, o trabalho em equipe e principalmente o conhecimento tecnológico. Muitos dos nossos alunos que saíram da nossa escola estão estudando ou atuando nas áreas de exatas, engenharias e comunicação”, diz o professor da Escola Sesi de Corumbá.
O aluno Guilherme Beckmann, da Tupitech, conta que descobriu sua vocação profissional por meio da robótica. “Conforme fui avançando e projetando robôs, percebi que me tornava um aluno melhor, visto que eu trabalhei lógica, estratégias, cálculos, balanceamento. Com isso, descobri a área que quero seguir, que é a engenharia mecatrônica, na automação de robôs e trabalhando por um mundo melhor”, afirma.
F1 in Schools reproduz o mundo da Fórmula 1 nas escolas
A modalidade F1 in Schools é uma representação em miniatura do circo mundial da Fórmula 1. Os carros são feitos de poliuretano, enquanto que as equipes são formadas por estudantes do ensino médio.
“F1 in Schools é um projeto em que os estudantes são desafiados a criar um carro de Fórmula 1 em miniatura. As equipes são divididas em várias áreas, como empreendimento, gestão financeira e engenharia”, explica a estudante Sofia Lemos, da Peregrine Race, escuderia da Escola Sesi de Campo Grande.
“Quando colocamos o carro na pista, prendemos um fio de náilon por baixo, que ajuda o carro a não sair voando da pista durante a corrida. Depois, colocamos um cilindro de CO2 pressurizado na parte traseira do carro. Com o carro na linha de partida, o cilindro é perfurado, fazendo com que o carro percorra 20 metros em menos de 1,5 segundo”, complementa Diego Miguel Guimarães, competidor da BR Racing, da Escola Sesi de Dourados.
Atuação de juízes garante torneios justos e sadios
Em meio a tantos pilotos treinados e projetos inovadores, é preciso garantir que as regras da competição sejam fielmente cumpridas. É aí que entram os juízes, que têm a responsabilidade de garantir a lisura do torneio e a pontuação adequada para cada equipe. O articulador de robótica da Rede Sesi de Educação em MS, Washington Luiz de Oliveira, atuou como juiz de arena na modalidade FTC no Festival de Robótica Off-Season 2023 e explica como esse papel é desempenhado.
“O trabalho do juiz consiste em analisar a jogabilidade entre as equipes. Elas devem sempre estar preparadas para controlar seus robôs com um nível adequado de precisão, e também não deixar peças soltas na arena. No caso da FTC, somos divididos em quatro juízes durante o jogo. Dois são responsáveis por marcar pontos e outros cuidam das penalidades, que consistem em toques intencionais no robô da aliança adversária, por exemplo. O juiz também dá apoio importante às equipes para manterem o ‘gracious professionalism’ (profissionalismo cortês, em tradução livre), um dos princípios da FIRST para que as equipes interajam de forma amigável e sem atritos”, conta Washington.
Confira o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=xpxCiIb-PWU