O consórcio é uma modalidade financeira que cresce a cada ano e registrou saldo positivo em 2022. De acordo com a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), do período de janeiro a outubro deste ano, o consórcio registrou crescimento de 17%. Além disso, bateu pela décima vez consecutiva, o recorde de consorciados ativos.
De acordo com Bruno Pinheiro, fundador e CEO da Turn2C, infraestrutura de inteligência artificial (IA) para o mercado de consórcio, um dos fatores responsáveis pelo crescimento do consórcio foi o destaque dado por grandes players, que passaram a focar mais no produto. Bancos como Itaú e Santander, e independentes como Ademicon, realizaram campanhas publicitárias a nível nacional sobre o consórcio, o que fez a modalidade aparecer mais no mercado como um todo, com significativa repercussão na mídia.
Aliado ao fato do consórcio ter ficado em maior evidência em relação aos outros anos, em 2022 também foi vivenciado momentos de incerteza políticas e também econômicas, o que contribuiu para a alavancagem da modalidade. “O momento macroeconômico que culminou no aumento das taxas de juros tornou o consórcio ainda mais atraente”, afirma Pinheiro.
No entanto, o consórcio também passou por momentos difíceis ao longo de 2022. Apesar dos reflexos da Covid-19 estarem começando a ficar cada vez mais distantes e deixando de afetar diretamente vários setores da economia durante este ano, o cenário pandêmico que ainda paira no ar trouxe alguns desafios para a modalidade financeira.
“O principal desafio que enfrentamos foi em relação ao processo de faturamento, que é aquele momento que o cliente vai usar o crédito do consórcio para comprar o bem ou serviço pretendido. Nesse momento, a perda de renda ou os custos maiores da pandemia afetaram a aprovação desses clientes”, explica o executivo.
Segundo Pinheiro, o consórcio crescendo da maneira que está crescendo não significa algo positivo para o ecossistema de forma geral. Com o crescimento no modelo atual, que o cliente é levado a aderir ao consórcio mesmo sem ter conhecimento das informações básicas e regras do produto, o que continuará a acontecer é a frustração das expectativas do cliente e como consequência o cancelamento do produto.
Para o executivo, a tendência para 2023 é que as taxas de cancelamento em doze meses do mercado continuem acima de 52%, como apurado pela fintech no ano de 2022. Ele ressaltou ainda que essa mesma taxa de cancelamento em doze meses das operações, geradas pela infraestrutura da Turn2C, estão em 6%, muito abaixo da média do mercado.
“Precisamos trabalhar para reverter essa situação e evitar que as taxas de cancelamento continuem avançando. Não adianta o mercado crescer sem clientes que fiquem até o final do prazo do produto. O segredo está em focarmos mais em resultados qualitativos do que quantitativos”, finaliza Pinheiro.
Assessoria.