Já notou que tem dias em que estamos mais irritados, com mal humor, e quando percebemos, na verdade, o que tínhamos era fome? Há situações ainda em que a ansiedade e a tensão tomam conta, e isso acaba causando sintomas gastrointestinais. Pois saiba que isso é muito comum, o que comprova que a saúde do nosso intestino está diretamente ligada à nossa saúde física e mental.
“Existe uma relação bidirecional entre o sistema nervoso central (SNC) e o trato gastrointestinal, conhecida como ‘eixo microbioma-intestino-cérebro’, que ocorre por conexões neuronais e neuroendócrinas e que envolvem também a microbiota intestinal, as bactérias que vivem no nosso intestino. O cérebro modula função intestinal e o intestino modula as funções do SNC através da produção de substâncias neuroativas e hormônios intestinais com participação da microbiota. Esta relação nos auxilia na compreensão de como um intestino doente pode estar relacionado a doenças, como depressão, ansiedade e obesidade”, explica Dr. Augusto Motta Neiva, coloproctologista da Unimed Campo Grande.
O médico afirma que assim como um intestino doente afeta negativamente as emoções, se uma pessoa não está emocionalmente bem ou está sob estresse, ela está pré-disposta a várias doenças gastrointestinais, como gastrite, úlcera, síndrome do intestino irritável, episódios de agudização de doença inflamatória intestinal e o câncer. “Pessoas mais retraídas podem ficar com o intestino preso quando estão fora de sua zona de conforto. Já algumas pessoas ansiosas têm crises de diarreia quando enfrentam situações estressantes, por exemplo”.
Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs) mais comuns:
– Retocolite Ulcerativa Idiopática: acomete o intestino grosso (cólon e reto), apresenta-se de forma contínua, e afeta apenas as camadas mais superficiais do intestino (mucosa e submucosa).
– Doença de Crohn (DC): afeta qualquer local do tubo digestivo, da boca ao ânus, podendo apresentar-se de forma descontínua com segmentos de intestino normal entre segmentos doentes e acometer toda a espessura da parede intestinal.
Também existem outras doenças mais raras, como colite inespecífica, colite linfocítica e colite colagênica.
“As doenças inflamatórias intestinais são doenças crônicas, que ainda não tiveram a cura descoberta. Entretanto, há tratamentos eficazes para controlar a inflamação e permitir ao paciente uma boa qualidade de vida. As chaves para a prevenção de complicações são o correto diagnóstico, o tratamento iniciado precocemente, realizado de forma regular e acompanhado de perto pelo especialista, além de hábitos saudáveis de vida”, pontua Dr. Augusto.
Passos para contribuir para a saúde do seu intestino:
-Alimentação: manter uma dieta balanceada, com quantidades adequadas de fibras, presentes em frutas, verduras e cereais. Além disso, evitar a ingestão de alimentos industrializados, os chamados ultra processados, ricos em açúcares, gorduras e conservantes, o excesso de condimentos, álcool e tabagismo, que induzem a inflamação intestinal e aumentam o risco de câncer.
– Hidratação: beba água com frequência para manter seu corpo hidratado e auxiliar na digestão dos alimentos. O ideal é de 2 a 3 litros diários.
-Movimento: pratique atividade física regularmente, pois além de contribuir com saúde intestinal, também auxilia na prevenção do câncer.
– Menos estresse: altos níveis de estresse podem estar ligados aos sintomas de irritação intestinal. Faça algo relaxante para aliviar atenção do dia a dia, como yoga, meditação ou outras atividades que você goste de praticar.
– Rotina de sono: dormir e acordar sempre em horários fixos possibilita que o seu relógio biológico fique regulado e, consequentemente, o seu intestino também.
– Atenção aos sintomas: se você normalmente sente algum tipo de desconforto abdominal, ou já possui diagnóstico de uma doença inflamatória intestinal (DII), evite ingerir o que pode contribuir para uma piora nos sintomas. Uma alternativa para entender a frequência dos sintomas é anotar tudo o que você sentir de diferente em um diário alimentar, junto com quais alimentos foram consumidos naquele dia.