Menos filas, estoque otimizado e cliente satisfeito. Essas foram as principais soluções almejadas nos três dias de Hack-a-Feira, uma maratona de programação que, durante o último final de semana, reuniu cerca de 70 profissionais, acadêmicos e entusiastas de tecnologia no Living Lab Sebrae MS, em Campo Grande.
Na noite do último domingo, 20, as nove equipes que completaram a maratona apresentaram suas ideias de aplicações diante de seis jurados, que avaliaram critérios como a técnica e também o plano de negócio. “São dois critérios básicos: primeiro a técnica, se tudo aquilo que eles prometeram fazer realmente foi implantado, e para isso parte dos jurados era especialista nisso, e depois como plano de negócio, se a ideia pode ser de fato implantada na loja, e qual o impacto de inovação daquela ideia no dia-a-dia da empresa”, explica o diretor de tecnologia do Grupo Pereira e organizador do evento, Alfredo Lopes. Além disso, as equipes também foram avaliadas no pitch, a apresentação para vender a ideia do time. Para ele, o Hack-a-Feira atingiu em cheio o objetivo. “Todas as ideias estavam muito bem sintonizadas com o varejo e estamos muito satisfeitos com a imaginação e a capacidade de todo mundo”.
Em primeiro lugar ficou a ideia “iShopCart”, um carrinho de compras inteligente que, utilizando o smartphone do cliente através de um QR Code, já escaneia e faz a cobrança dos produtos, eliminando a necessidade de enfrentar filas e passar por um atendente. A equipe, composta pelos programadores Wagner Júnior e Eduardo Máximo, além do engenheiro de automação Erik Mota e do especialista em IoT (Internet das Coisas) Jefferson Vieira, levou para casa um cheque de R$10 mil e a empolgação em tirar o projeto do papel. “Quando recebemos a tarefa, imediatamente pensamos: ‘como resolver esse problema de fila?’ Se a pessoa já usa o carrinho, ele mesmo pode fazer o checkout, então não tem mais fila nem nada para resolver”, resume Wagner.
O segundo lugar ficou com a equipe Vision Insight, que desenvolveu uma aplicação chamada Fila Digital, que otimiza o tempo de espera nos caixas, evitando que os clientes precisem ficar parados, aguardando a sua vez. O app substitui a fila física por uma online, e os consumidores ficam livres para circular nas lojas. Quando chega a vez de fazer o checkout, ele recebe uma notificação e se encaminha ao caixa.
E em terceiro lugar ficou a equipe Jovens Padawans, que criou o GP SuperApp, um aplicativo de cashback e benefícios que fideliza os clientes e oferece descontos em toda a rede do Grupo Pereira. Ao realizar as compras no Comper, por exemplo, o cliente ganha pontos que podem se transformar em descontos no Restaurante Trudy’s, frete grátis nas entregas ou até mesmo vouchers do no posto de combustíveis da rede.
Network e aprendizados
O prêmio em dinheiro, apesar de atrativo, não foi o único objetivo dos participantes do hackaton. A oportunidade de aprender com profissionais da área e melhorar o network também foram muito visadas. “Essa jornada foi incrível pra mim, aprendi muitas coisas em pouquíssimas horas. Conseguimos entregar um produto bacana e com muito potencial, mas pra mim o mais importante foram as habilidades que desenvolvi aqui dentro, como resolver problemas, como se relacionar com os colegas e até mesmo como negociar e vender sua ideia”, avalia a acadêmica de Ciências de Dados da UFMS, Carolline Anderson.
E mesmo as ideias que não saíram vencedoras do evento ainda podem ter mais uma chance. Mentores de outras áreas e “olheiros” do setor de inovação estiveram presentes durante todos os dias de maratona, com o objetivo de identificar ideias que tivessem aplicabilidade e potencial de mercado, como o líder da comunidade InovAtiva, um hub de empreendedorismo e inovação, Leandro Vigo. “Sempre que tem esse tipo de evento, nós, enquanto comunidade, viemos pra somar, ajudar e tentar de alguma maneira criar novas startups. Inclusive, caso surja interesse das equipes, a gente vai ajudar o pessoal a criar startups e aprimorar as ideias. Ajudamos a fazer todo o projeto com eles, sem cobrar nada, e os colocamos em contato com as aceleradoras do governo e as particulares que a gente tem acesso no ecossistema”.
Uma das equipes foi surpreendida com um convite “ao vivo” para tirar a ideia do papel. A equipe Scrat apresentou uma ideia que utiliza Redes Neurais (sistemas de computação cujo funcionamento é inspirado no cérebro humano) para prever quebras de estoque, algo que animou o CEO da Multicoisas, Lindolfo Martin, um dos jurados do evento. Ao final da noite, ele convidou o time a testar na prática a viabilidade do projeto, em uma das lojas da rede. “Vocês apresentaram o santo mas não contaram o milagre, agora é a chance de mostrar ‘na vida real’ se a ideia funciona mesmo”, brincou Lindolfo.