A história dele com a corrida começa durante as aulas de educação física no ensino médio, há 16 anos. Nos tempos de escola, Francisco Meneses passou a competir em provas entre municípios e igrejas. Ganhou várias, perdeu algumas vezes também e o interesse pela corrida só aumentava. Quando conseguiu o primeiro emprego, na venda de móveis e eletrodomésticos, o jovem teve que se afastar do que mais gostava de fazer, por conta da carga horária de trabalho.
O reencontro aconteceu depois que ingressou na vida religiosa. “Os freis sempre incentivavam a gente a buscar o esporte para poder se exercitar e cuidar melhor da saúde. Então, eu optei pela corrida, que eu já gostava e também dava para fazer em qualquer lugar. Toda casa de formação tem um campo, quadra, podia correr na rua, enfim, meu interesse pela corrida foi despertando de novo”, explicou.
Nascido em Xinguara e criado em Canaã dos Carajás, ambas no interior do Pará, frei Francisco ainda passou por várias cidades, morou até no Paraguai e, em 2021, foi transferido para Campo Grande. “Aqui eu encontrei o frei Matheus, que também corre, e me incentivou a participar do grupo de corrida que ele fazia parte. Aí o negócio piorou”, brincou.
Ele contou que, depois do grupo, a motivação cresceu e começou a participar de pequenas competições. “Algumas provas são caras, a gente não tinha como pagar por causa do voto de pobreza, comum na ordem franciscana, e a dificuldade com conta bancária também, que a gente não tem. Então, participávamos só de algumas e a corrida do Pantanal foi uma surpresa boa porque é de graça”, completou.
Outro desafio é conseguir encaixar todos os afazeres na rotina. Durante a semana, frei Francisco cursa a faculdade de Teologia e tem a rotina de trabalho no convento. Aos finais de semana, trabalha com comunidades de Campo Grande e com povos indígenas de Sidrolândia. E, nos horários vagos, se dedica aos treinos passados pelo professor do grupo de corrida. “Quando eu tenho atividade na comunidade à tarde, eu corro pela manhã e vice-versa. Minha dificuldade maior mesmo é a faculdade, que é de segunda a sexta pela manhã. Nunca deixei de atender a comunidade, nem a corrida, e assim vou conciliando, mas sempre dá certo”, detalhou.
Aos 32 anos, o religioso considera que, além de lazer, a corrida se tornou uma necessidade. “Recentemente, fiz um check-up da saúde e meu colesterol é hereditário, sempre alto. Esse é um dos pontos que me motiva para buscar mais a saúde, não dá pra ficar parado”, finaliza.
A Corrida do Pantanal passou a fazer parte deste enredo. No ano passado, um amigo da paróquia preparou uma surpresa e fez a inscrição de frei Francisco na prova de sete quilômetros. Dessa vez, ele mesmo garantiu a vaga no mesmo percurso. “Estou na expectativa de chegar o dia da corrida e viver a emoção de ver a galera correndo junto de novo, isso é o mais importante. A diversão, a alegria de fazer aquilo que a gente gosta, de estar junto de pessoas que também amam o esporte”, enfatizou.