Mergulhada em uma rotina dedicada ao exercício da magistratura, em 2012, a ex-juíza de direito Eliane Oliveira desenvolveu um quadro de depressão severa que a paralisou completamente. Atormentada por um vazio interior e sem forças para sair do próprio quarto, ela perdeu 35 quilos, se afastou do trabalho e viu sua felicidade ir embora.
Durante sete meses, Eliane lutou para encontrar um sentido para continuar vivendo. Com ajuda profissional, se reestabeleceu e redescobriu uma antiga paixão: a escrita. Por alguns anos, ela manteve uma página on-line onde publicava seus textos assinados com um pseudônimo.
Como magistrada, responsável por sentenças que mudavam vidas, Eliane não poderia se expor tão abertamente. “Para julgar os outros, você não pode ser julgada”, comenta ao lembrar dos anos quando cada passo seu era vigiado por quem conhecia a natureza de seu trabalho.
A história de superação de Eliane foi a inspiração para “Um Caso de Bipolaridade”, livro que vai além da própria experiência da autora com a depressão. Instigada a promover o debate sobre diferentes doenças relacionadas à saúde mental, ela iniciou uma intensa pesquisa sobre o transtorno bipolar. A condição é caracterizada pela alternância súbita de humor, marcada por episódios de euforia e depressão, mal que a autora conhece bem.
Para a ex-juíza de direito, a obra representa o fim de um ciclo de doença e cura. “Inicialmente eu nem pensava em divulgá-lo, por ser uma lembrança dolorosa demais, mas depois pensei em quantas pessoas passaram pelo que passei, sem sequer identificar seu problema para procurar ajuda. É minha missão colocar o assunto em pauta, já que os transtornos mentais são vistos sob a ótica de pouca informação e muito preconceito”, declara.
O livro conta a trajetória de uma mulher de 40 anos, profissional bem-sucedida, divorciada e mãe, que convive com o transtorno bipolar. O enredo acompanha a manifestação da bipolaridade em diferentes fases da vida passando pela infância melancólica, a adolescência marcada pela euforia, até a idade madura, quando as consequências da doença se tornam mais graves.
Além de retratar o sofrimento causado por uma doença mental, a autora reforça com suas palavras o caminho árduo, mas acessível, do tratamento e da possibilidade de levar uma vida produtiva convivendo com transtornos mentais.
Assessoria.