Com o início iminente de operações de transporte de cargas pela Rota Bioceânica – que ligará o Brasil aos portos do Chile por via rodoviária, passando por Mato Grosso do Sul – um setor específico precisa de investimentos urgentes para dar suporte a essa demanda: a cadeia de armazenamento de frios. Com esse objetivo, foi encomendado um estudo para identificar a dimensão desse investimento em diferentes projeções de fluxo.
O estudo foi encomendado pela CEPAL (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), organismo ligado à ONU (Organização das Nações Unidas) e pelo Ministério das Relações Econômicas do Brasil, e conduzido pelo Departamento de Engenharia de Produção da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), sob coordenação dos professores Mário Batalha, Marcelo José Carrer e Alexandre Borges Santos. O trabalho foi apresentado durante reunião virtual, nessa quinta-feira (14).
A reunião foi conduzida pelo secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, com a participação também do diretor adjunto da Divisão de Recursos Naturais e Infraestrutura da CEPAL, Ricardo Sanchez; ministro João Carlos Parkinson de Castro, do Ministério das Relações Exteriores; e do assessor de Logística da Semagro, Lúcio Lagemann. Estavam presentes representantes de empresas de transporte e logística de Mato Grosso do Sul, entre outros potenciais investidores.
“Esse é um dos problemas que estamos identificando, dentro da série de estudos encomendados para avaliar o potencial da Rota Bioceânica. Será necessário estruturar toda uma cadeia de armazenagem e transporte de frios. São estruturas com capacidade para armazenar produtos perecíveis e que têm necessidade de refrigeração, como carnes, sementes, produtos lácteos, frutas”, disse Verruck.
“Uma cadeia de frio (cold chain) pode ser vista como um encadeamento de operações logísticas e produtivas que permitem a produção, transporte, armazenagem e distribuição de alimentos, fármacos, imunobiológicos, insumos agropecuários, cosméticos e outros produtos termossensíveis, em temperaturas controladas. Para a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), uma cadeia do frio compreende as etapas de pré-resfriamento, armazenamento, transporte, distribuição, varejo e refrigeração doméstica (FAO, 2015). Assim, uma cadeia do frio voltada para a produção de alimentos tem o objetivo de mantê-los salubres, com características nutricionais preservadas e com boas qualidades organolépticas”, descrevem os pesquisadores.
Essa parte do estudo analisa apenas o trecho da Rota que passa por Mato Grosso do Sul, dialogando com algumas estruturas existentes em Goiás. A partir desse levantamento, será estendido para todo o trecho que atravessa Paraguai, Argentina até chegar ao Chile. O secretário explica que Mato Grosso do Sul tem se adiantado no esforço para detectar os gargalos e buscar soluções que tornem a Rota viável do ponto de vista operacional.
“Estamos avaliando também as áreas alfandegadas que precisam de uma estrutura de frios adequada, área portuária, porto seco. Portanto, vamos ter um crescimento da demanda de toda essa armazenagem em frio. E sinalizar com algumas ações de políticas públicas para que a gente possa avançar tanto na implantação de novos empreendimentos, quanto na capacitação para operar esses empreendimentos, atrair novos investidores e estabelecer linhas de crédito específicas para isso.”
Essa deficiência na cadeia de armazenamento de frios em geral não é restrita a Mato Grosso do Sul, mas do Brasil em geral, conforme mostrou o estudo, fazendo um comparativo com o suporte existente em países como China e Estados Unidos. Quanto ao Mato Grosso do Sul, está avançando de forma consistente a indústria de frios (bovinos, suínos, aves, peixes) e também de sementes, o que já cria demanda para esses investimentos.
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