O abuso sexual é ainda um assunto muito delicado e, portanto, pouco discutido pela sociedade, principalmente quando trata-se do abuso infantojuvenil. Muitas vezes de forma silenciosa, os abusos sexuais a crianças e adolescentes acabam sendo revelados apenas na vida adulta, facilmente explicado pela maior segurança que a vítima sente ao tratar sobre o tema.
Segundo dados divulgados pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), durante uma campanha de combate ao abuso infantil, em 2019 foram registrados 1.450 casos de estupro de vulnerável, 102 casos de importunação sexual e 36 ocorrências de divulgação de imagens de pornografia infantil, o que imprime, nas vítimas, sérias marcas emocionais que serão levadas consigo ao longo da vida.
Ansiedade, depressão, síndrome do pânico, comportamentos autodestrutivos ou sexualização precoce são alguns dos transtornos que podem surgir em adolescentes vítimas de abuso sexual. O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), por exemplo, que causa sofrimento intenso e afeta várias áreas da rotina, como relacionamentos e trabalho, é desenvolvido por cerca de 57% dessas vítimas.
De acordo com o Ministério da Saúde, um em cada cinco brasileiros foi vítima de abuso sexual na infância ou na adolescência, sendo a maioria das vítimas do sexo feminino. Além disso, muitos casos de abusos não são denunciados, o que dificulta a dimensão do problema. Recentemente divulgado pelo Ministério da Saúde, um boletim epidemiológico alerta sobre as notificações de violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil, entre 2015 até 2021. Durante os sete anos de análise, houve um crescimento excepcional nas notificações de violência sexual contra crianças e adolescentes, totalizando 202.948 casos, dos quais 41,2% foram cometidos contra crianças e 58,8% contra adolescentes.
Segundo o Dr. Jair Soares, presidente do IBFT – Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas, “Cada pessoa vai reprocessar as consequências da violência de forma singular. Porém, toda e qualquer violência deixa marcas no psicológico e acaba influenciando por toda uma vida, dificultando quase sempre a rotina da vítima no seu dia a dia.”
Para evitar essas consequências, o especialista ressalta que se faz necessário o rompimento com o ciclo de silêncio imposto pela violência, incluindo o tratamento terapêutico, porém não o tratamento convencional, onde a pessoa senta de frente ao profissional e é orientada somente a falar, desabafar e nada mais.
O método conhecido como “cura pela fala”, que diz aliviar os sintomas de ansiedade e depressão, porém, amplamente utilizado pela ‘psicologia convencional’, conta com diversos relatos de pessoas que não obtiveram resultados efetivos com esta técnica, o que causa uma grande frustração na maioria dos pacientes e dificulta a recuperação – não somente com relação a abusos, mas também com relação a outros problemas emocionais, como relacionamentos tóxicos, luto, traumas e perdas, por exemplo.
Criada pelo psicólogo Jair Soares, a TRG (Terapia de Reprocessamento Generativo) é um método inovador que, segundo ele, diferente das demais terapias, “É focado justamente em obter resultados”, explica. Além disso, ao ser submetido a esta metodologia, o indivíduo não precisará, em momento algum, falar ou descrever absolutamente nenhum detalhe ao terapeuta, o que elimina o constrangimento e a vergonha inerente a situações como essa.
O objetivo do terapeuta que trabalha com a TRG é ajudar o paciente a reprocessar e resolver, no menor espaço de tempo possível, os seus problemas emocionais. É uma metodologia de terapia breve, possuindo, normalmente, uma quantidade menor de sessões comparada ao tratamento convencional que pode levar de 3, 4 a 5 anos. Além disso, a TRG não é focada no autoconhecimento, mas sim nos resultados. O paciente é orientado, de forma objetiva e pragmática, para obter os resultados desejados.
Rute Petrolina é uma das tantas vítimas de abuso na infância. Através do reprocessamento generativo (TRG), ela conseguiu vencer seus traumas e todos os sentimentos de dor, mágoa e insegurança. “O meu maior impacto ocorreu na infância aos 7 anos, quando fui violentada sexualmente pelo meu padrasto, e com isso cresci com traumas físicos e emocionais, eu não conseguia ter contato com nenhum homem, pois eu acreditava que todos fossem muito maus e extremamente perigosos. Eu não conseguia sequer ficar em um ambiente que tivesse eu e um outro homem, era terrível pra mim, e mesmo depois de casada eu não conseguia ter intimidade com meu esposo, e tudo isso influenciou também na minha vida sexual”, relata.
A metodologia TRG trabalha o psiquismo com o objetivo de permitir que o paciente se livre, de forma eficaz, de todos os impedimentos impostos por seus registros emocionais disfuncionais, tais como medos, fobias, depressão, ansiedade e traumas. Através de técnicas específicas e de resultados praticamente imediatos, a terapia permite que a pessoa processe memórias traumáticas e consiga se desvencilhar das limitações causadas por essas lembranças.
“Hoje consigo falar sobre o que aconteceu sem sentir absolutamente nada, fiquei anos da minha vida buscando ajuda psicológica e não obtive resultados, cheguei a pensar que não ia ter jeito, e que eu teria que aprender a conviver com essas dores pro resto da minha vida, além disso, a minha visão mudou, e meu relacionamento com meu esposo, com meus filhos, com as pessoas no geral teve um avanço excepcional, e o mais interessante é que não precisei fazer terapia por anos, foi em um resultado de 6 mese”, finaliza Rute.
Jair Soares reconhece que essa abordagem tem gerado algum desconforto em profissionais da área da psicologia. “Nós, enquanto psicólogos, fomos treinados durante toda a nossa vida acadêmica para utilizar apenas métodos passivos, métodos de ‘escuta’. Já a TRG é conhecida como uma terapia de resultados por ser justamente focada em dar ao indivíduo ferramentas para que ele possa obter os resultados que precisa, por isso eu costumo enfatizar: que quem tem dor, tem pressa!”, explica o psicólogo e presidente do IBFT.