O INAU – Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas, Centro de Pesquisa do Pantanal e a Wetlands International Brasil, realizam na próxima quinta-feira (1 de setembro de 2022), uma oficina participativa com parceiros da pecuária tradicional pantaneira. Trata-se de um Projeto de Restauração dos Campos Nativos, coordenado pela Profa. Cátia Nunes da Cunha, pesquisadora vinculada à Universidade Federal de Mato Grosso e que também é parceira nesta iniciativa. O projeto está sendo desenvolvido em parceria com produtores e visa a aplicação dos resultados da ciência em suas atividades.
De acordo com o conhecimento tradicional as melhores pastagens nativas do Pantanal são aquelas que passam pela alta e média inundação. Diante das mudanças climáticas (redução da quantidade de chuva), a proliferação da vegetação lenhosa sobre os campos tende a aumentar, causando a perda de áreas produtivas (pastagens nativas) e da biodiversidade. Diante dessa realidade a restauração de campos nativos deve ser realizada considerando as orientações técnico-científicas, esse é o objetivo do projeto Restauração dos Campos Nativos.
Durante o evento serão apresentados os resultados desse projeto, bem como será uma oportunidade para interagir com os produtores que são parceiros do projeto e demais produtores interessados.
A equipe envolvida neste projeto realizou o mapeamento para identificação das áreas de interesse, e está identificando as espécies botânicas. Com a listagem das espécies obtidas através do levantamento botânico será possível definir quais são as espécies que estão se proliferando e quais são as espécies de interesse para restauração dos campos.
Após essa interação com os produtores será possível identificar quais as práticas/técnicas usadas tradicionalmente para frear o processo de proliferação, de posse dessa troca de experiência a equipe do projeto vai fazer uso dessas técnicas no campo para verificar a evolução do processo de restauração tradicional.
Para a Profa. Cátia Nunes, trata-se de uma ação de suma importância, pois, consiste na parceria entre os produtores, sociedade civil e cientistas, na coleta de dados, na observação por meio de metodologia participativa onde todos os envolvidos estão sensibilizados e empenhados na conservação e uso correto da natureza. Esperamos que esse seja um processo de troca de experiências e de aproximação com os produtores que são parceiros e que validarão a efetividade da metodologia, abrindo portas para a políticas públicas que possam beneficiar a atividade que é essencial no Pantanal.
O Projeto de Restauração de Campos Nativos é parte do Programa Corredor Azul, da Wetlands International, que visa promover ações de fomento à conservação das áreas úmidas da Bacia do Prata, e, no Brasil, tem especial atenção para o Pantanal, essencial para a manutenção da biodiversidade, da cultura e das economias locais.
“No Pantanal, a pecuária tem grande importância econômica, mas também social e ambiental. Muitos dos proprietários rurais conseguem manter suas atividades pecuárias sob práticas seculares que devem ser reconhecidas, por estarem mais adaptadas à dinâmica das enchentes e secas características da paisagem pantaneira. A manutenção da pecuária tradicional tem evitado os processos de exploração da terra em larga escala, como os que acontecem em outros biomas, com substituição das pastagens pela agroindústria e pecuária intensiva. Promover boas práticas, como a manutenção de pastos nativos dentro da pecuária contribui com a conservação do Pantanal, por estimular a integridade ecológica do bioma”, afirma Rafaela Nicola, diretora executiva da Wetlands International Brasil.
“Iniciativas como essa, de reunir produtores e pesquisadores, em busca das melhores técnicas para manutenção de pastos nativos no pantanal, são extremamente importantes e vão totalmente de encontro com o trabalho da ABPO, que é a conservação e a produção sustentável e orgânica no bioma. É muito gratificante ver todo esse movimento acontecer e mais ainda, estarmos inseridos nele, como ponte entre produtor rural e a pesquisa ambiental”, avalia o diretor executivo da Associação Brasileira de Produtores Orgânicos, Silvio Balduíno.
Programa Corredor Azul
Criado em 2017, pela Wetlands International, o Programa Corredor Azul é implementado com o objetivo de proteger a biodiversidade e a conectividade em um território transfronteiriço, que abrange três grandes áreas úmidas do sistema Paraná-Paraguai, são elas: Pantanal, os Esteros de Iberá e o Delta do Paraná.
Estendendo por 3.400 km desde o Pantanal brasileiro, passando pela Bolívia e Paraguai, até desembocar no Delta do Paraná, na Argentina, o Sistema Paraná-Paraguai (Corredor Azul) é um dos últimos exemplos do mundo de um grande sistema de rios de fluxo livre e contínuo. Já o nome do programa é uma alusão ao grande volume de água que circula dentro dessas importantes áreas úmidas da América do Sul.
Serviço
Oficina Participativa com Parceiros da Pecuária Tradicional Pantaneira
Data: 1 e 2 de setembro (quinta e sexta-feira)
Local: Sindicato Rural de Poconé (MT)
Horário: a partir das 9h
Outras informações pelo telefone (65) 3627 1887 ou e-mail: inau.cpp@gmail.com