A diversificação da matriz econômica de Mato Grosso do Sul traz para as instituições de pesquisa, ensino e extensão oportunidades e desafios. Boa parte do sucesso dos empreendimentos que estão sendo implantados dependerá de conhecimentos técnicos gerados no ambiente de Mato Grosso do Sul. Assim, a consolidação desses empreendimentos depende muito das ações de pesquisa voltadas à geração de informações locais que possam assegurar a sustentabilidade dos mesmos.
Cria-se também a oportunidade de se estabelecer parcerias entre os empreendedores e as instituições de pesquisa localizadas no estado para o desenvolvimento de conhecimentos de forma compartilhada, o que com certeza irá assegurar a efetividade dos empreendimentos.
A maioria dos conhecimentos que se tem atualmente para as principais atividades que estão sendo implantadas em Mato Grosso do Sul, foram gerados em outras regiões do Brasil, com características de solo e clima, dentre outras, bem diferente das condições locais.
A pesquisa agrícola deve ser cada vez mais regionalizada para que possa gerar informações seguras para as tomadas de decisões por parte dos empreendedores. A Embrapa Agropecuária Oeste, quando de sua criação, desenvolveu para as condições locais, sistemas de produção para as culturas da soja, trigo, arroz e milho.
A diversificação das atividades agrícolas é algo da maior relevância sobre o ponto de vista socioeconômico e também aumenta sobremaneira os desafios para as instituições de pesquisa que atuam em Mato Grosso do Sul. Novos desafios serão colocados à prova em virtude da nova realidade.
A produção agropecuária de Mato Grosso do Sul passa por um momento ímpar da história do estado. Deste os anos 1970, a pecuária de corte extensiva e o cultivo de trigo, algodão e, posteriormente. a soja e o milho, eram as principais atividades agropecuárias. Significativas transformações estão ocorrendo na matriz econômica, posicionando Mato Grosso do Sul como grande produtor de carne bovina de excelente qualidade, criando assim novas oportunidades para a pecuária do estado.
Além da bovinocultura de corte, vem ganhando espaço importante a suinocultura, que se encontra em fase de expansão, atingindo municípios antes com baixa diversificação na sua economia, como Rio Verde de Mato Grosso, São Gabriel do Oeste, Camapuã, Glória de Dourados, Jateí dentre outros vários. O mesmo se verifica com a avicultura de corte, mas não somente.
A silvicultura também é uma atividade com grande crescimento, sendo fonte de matéria prima para a pujante indústria de papel e celulose já implantada e aquelas em processo de implantação, e como fonte de matéria prima para a produção de energia calorífica para as indústrias de processamento de milho e soja implantados e a serem implantadas em Mato Grosso do Sul.
O cultivo da cana-de açúcar, matéria prima para a produção de açúcar, etanol e energia elétrica, tem contribuído para o crescimento e desenvolvimento das cidades onde estão instaladas as usinas, caso típico de Angélica, Ivinhema, Caarapó e agora, mais recentemente, Nova Alvorada do Sul. O cultivo de soja, milho e algodão, principalmente, evolui sob o ponto de vista tecnológico, colando o estado entre os maiores produtores.
Outras importantes iniciativas estão acontecendo no estado como já anunciado pelo Poder Executivo Estadual, tais como a citricultura em Sidrolândia, Paranaíba e Naviraí, que juntamente com o que já existe, especialmente em Dois Irmãos do Buriti e Aparecida do Tabuado, em muito irá implementar a geração de emprego e renda para a população do estado. Destaque também deve ser dado a expansão da cultura do amendoim nos municípios de Nova Andradina, Angélica, Glória de Dourados, Bataguassu, dentre outros.
Qual ou quais as vantagens destas transformações para a população de Mato Grosso do Sul? Com a diversificação da matriz econômica, aumenta significativamente a capacidade do estado se desenvolver, pois, além da possibilidade de maior estabilidade financeira para os produtores, novas oportunidades surgem. Aqui estamos nos referindo apenas a um dos elos da cadeia, que são numerosos.
Quando se considera, por exemplo, do plantio à industrialização do amendoim, o elo da produção de sementes dependerá do melhorista para desenvolver novas cultivares, do produtor de sementes, da indústria e do setor que presta serviços para máquinas e implementos, do fornecedor de insumos, além de outros elos que vão sendo desenvolvidos com a consolidação da atividade.
Por: Fernando Mendes Lamas/ Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste