Nesta quinta-feira (14) na Premiere do Latin Grammy em Miami (EUA), o Brô MC’s sobe ao palco, rompendo fronteiras e levando a cultura indígena brasileira ao maior evento da música latina mundial. O grupo, que carrega as vozes e lutas das aldeias Jaguapiru e Bororo, de Dourados (MS), apresenta a canção “Jaraha” em colaboração com o DJ Alok. O show terá transmissão ao vivo pelo Canal BIS (TV fechada) e pelo canal oficial do Latin Grammy no YouTube, oferecendo uma rara e poderosa amostra da ancestralidade e resistência dos povos originários.
Para Kelvin Mbaretê, integrante do grupo, essa performance significa mais do que fama ou reconhecimento: é uma “demarcação de território”. Ele vê a oportunidade como um passo essencial para que os povos indígenas do Brasil tenham voz e espaço em palcos globais, locais que, tradicionalmente, nunca foram pensados para eles. “É uma vitória para nós, indígenas, especialmente para meu povo Guarani e Kaiowá. Estar aqui é mostrar que temos muito a dizer, que nossa cultura é rica, e que temos uma voz potente no cenário global”, afirma Kelvin.
“Jaraha” é uma música que faz parte do projeto “O Futuro é Ancestral”, que simboliza a união entre a música eletrônica e as tradições culturais indígenas do Brasil. Com este projeto, Alok recebeu duas indicações ao Grammy Latino, com as músicas “Drum Machine”, colaboração com o DJ Pickle e Pedju Kunumigwe, parceria com os Guarani Nhandewa.
Quebrando protocolos, já que normalmente somente apresentam músicas que concorrem aos prêmios, a apresentação de “Jaraha” vai além de um espetáculo musical: é um manifesto. A canção foi escrita para trazer à tona a realidade, a luta e o orgulho de um povo. Kelvin destaca: “Nossa música fala de resistência, da batalha dos povos originários, e como, mesmo enfrentando tantas adversidades, seguimos firmes. ‘Jaraha’ é uma canção de motivação e resiliência, mostrando que conseguimos, que chegamos onde muitos nem imaginaram”.
Para CH MC, outro integrante do grupo, a mensagem que desejam transmitir é clara: é preciso enxergar os povos indígenas com novos olhos. “Estamos aqui para dizer ao mundo que nossa luta, nossa história e nossa cultura são essenciais. Queremos que todos entendam nossa realidade e o que enfrentamos diariamente, e que nossa existência seja reconhecida e respeitada”, compartilha CH MC, com a mesma convicção e esperança que a música “Jaraha” carrega.
A performance no Latin Grammy representa para o Brô MC’s um grito de resistência e identidade, abrindo espaço para que a música indígena seja celebrada e respeitada ao lado dos maiores artistas internacionais. Em suas letras, o grupo funde o rap com elementos da ancestralidade, criando uma narrativa única e essencial.
“Estar no palco do maior evento de música latina é uma enorme vitória”, celebra Kelvin. “Estar ao lado de nossos ídolos é uma chance única de levar a voz do nosso povo para aqueles que talvez nunca tivessem ouvido. Isso é um marco não só para o Brô MC’s, mas para todos os povos indígenas”.
Com essa apresentação histórica, o Brô MC’s reforça o compromisso de manter viva a cultura e o talento indígena, mostrando que, mesmo em meio a lutas, há espaço para suas vozes, suas histórias e sua arte no cenário global.