O projeto “Olubayo – Cinema nas Comunidades Quilombolas” segue a todo vapor com suas exibições itinerantes. Após iniciar suas atividades neste mês fevereiro na cidade de Bonito, o município de Jaraguari será o próximo a receber essa iniciativa cultural. Neste domingo (9), às 19h, a sétima arte chegará à Associação da Comunidade Negra Quilombola Rural Furnas do Dionísio, promovendo uma sessão gratuita de cinema. Idealizado pelo grupo TEZ (Trabalho Estudos Zumbi), o projeto busca levar a magia do cinema para comunidades quilombolas do Mato Grosso do Sul, proporcionando momentos de cultura, reflexão e reconexão com a ancestralidade.
Nesta edição, serão exibidos cinco curtas-metragens: “Fábula da Vó Ita”, de Joyce Prado; “Bonita”, de Mariana França; “Luzes Debaixo”, de Tero Queiroz; “Águas”, de Raylson Chaves; e “Jardim de Pedra – Vida e Morte de Glauce Rocha”, de Daphyne Schiffer. Todas as obras são assinadas por cineastas negros e abordam temas como identidade, resistência e a valorização da cultura afro-brasileira.
Em Bonito, a professora Jaqueline Santos, moradora do distrito Águas de Miranda, celebrou a iniciativa e ressaltou a importância de dar protagonismo às comunidades negras, seja nas telas ou na plateia. “Olha, eu fiquei muito feliz com os filmes que recebemos e o papel dos cineastas negros. Estamos num momento muito fértil, na construção de uma narrativa e de uma identidade que também retrata o pensamento dos cineastas. Acho isso importante. E, nessa construção, fortalecer a identidade e a resistência também na comunidade quilombola. A comunidade precisa fazer um link com a sua realidade, porque essa realidade também tem que ter resistência, ancestralidade e representatividade. Na verdade, tudo isso fortalece a identidade da população negra, da população quilombola”, afirma Jaqueline.
Além das exibições, o projeto promove debates ao final de cada sessão, estimulando a troca de experiências e reflexões sobre os temas abordados nas obras. Raylson Chaves, diretor do curta “Águas”, destaca a potência de exibir sua produção em uma comunidade quilombola. “Levar meu filme às comunidades quilombolas do Mato Grosso do Sul é reafirmar que nosso cotidiano importa muito e está cheio de histórias. Possibilitar que as pessoas vejam a Dona Janice romper com a ideia de que mulheres negras precisam se dedicar ao trabalho incansavelmente é potente e transgressora. Quando nossas histórias são feitas por nós, criamos caminhos possíveis para todos os corpos negros”, pontua.
O Olubayo faz parte das comemorações pelos 40 anos do grupo TEZ, que desde 1985 atua no combate às desigualdades sociais e na valorização da história e cultura afro-brasileira. Como primeira entidade do movimento negro no Mato Grosso do Sul, o TEZ tem sido referência na luta por ações afirmativas e políticas públicas, inspirando novas iniciativas voltadas para a valorização da identidade negra.
Idealizado pelo Coletivo Tez, o projeto Olubayo conta com financiamento da Lei Paulo Gustavo, do MinC – Ministério da Cultura, Governo Federal, com apoio da FCMS – Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, da Setesc, Governo do Estado. Acompanhe a iniciativa pelo Instagram (@olubayo_cinemanegro).