Pais que vão se separar e têm filhos pequenos precisam comunicar o processo de divórcio com muito planejamento, sabedoria e diálogo. Esse tripé comportamental é fundamental para preservar o bem-estar emocional das crianças, explica Stella Azulay, educadora parental e fundadora da Juntos Educação.
“Se um divórcio traz insegurança para quem está se separando, imagine para os filhos. Cada passo que se dá tem consequências e é preciso que o processo de comunicação seja feito de forma adulta, madura e pensada para os filhos não terem a vida impactada negativamente por causa do divórcio.”
O aconselhamento parental é muito útil nesses casos, de acordo com Stella, visto que o objetivo é ajudar as famílias a desenvolverem habilidades comportamentais essenciais para a criação de vínculos sólidos e saudáveis entre seus membros. Ela cita o exemplo da modelo brasileira Gisele Bündchen, que se separou do astro de futebol americano Tom Brady em 2022, após 13 anos de casamento.
Gisele e Tom
Como parte do processo de separação, o ex-casal passou por orientação parental na Flórida, estado americano onde o divórcio foi formalizado. O procedimento é feito para ajudar os pais a lidarem com o impacto que o divórcio pode trazer para o relacionamento futuro com os filhos.
Esse processo é obrigatório na Flórida, além de ser um dos pré-requisitos para casais que estão se separando e têm filhos. Gisele teve dois filhos com Tom e havia outro, mais velho, de uma relação anterior do ex-marido.
O ex-casal também procurou um mediador parental para definir os termos da relação que cada um terá com os filhos. Um acordo de guarda conjunta foi alcançado e o processo foi elogiado pela imprensa pela capacidade de ambos deixarem as diferenças de lado e pensarem no melhor para as crianças.
Orientação parental no Brasil
Sessões de aconselhamento familiar antes do divórcio não são obrigatórias no Brasil, mas Stella acredita que isso será realidade no futuro. “A educação parental pode auxiliar pais que estão no processo de separação. É preciso saber como se comunicar com os filhos sobre a separação, como eu falo sobre meu ex e como eu lido com situações pós-divórcio”, exemplifica.
Ou seja, o casal não tem mais vínculo conjugal, mas continuam sendo pais. Entre os temas a serem administrados depois da separação, estão as eventuais exceções ao acordo de guarda (ex.: deixar o filho dormir na casa do ex-cônjuge por mais um dia), a chantagem emocional dos filhos e a introdução de um novo relacionamento.
O que existe em termos de legislação nacional sobre aconselhamento é um projeto de lei (PL 4360/19) que propõe a participação de “oficinas de parentalidade” para casais em processo de separação litigiosa. As oficinas são programas educacionais oferecidos pelos tribunais de justiça dos estados para fortalecer vínculos afetivos e orientar pais e filhos sobre as consequências da separação na vida familiar.