O Clube de Leitura do Sesc se reunirá para debater o relato autobiográfico “Um riacho pouco profundo”, de Catherine Millot, neste sábado, dia 29, a partir das 14h, na biblioteca do SESC Teatro Prosa.
Catherine Millot é escritora, com 12 livros publicados, professora de filosofia e psicanalista francesa. Além de ter sido paciente de Jacques Lacan, estudou suas teorias e obras. Sob a perspectiva, portanto, da psicanálise lacaniana, Millot reconstruiu em seu mais recente livro alguns momentos críticos de sua vida, envolvendo mais de uma internação hospitalar à época da pandemia e o envelhecimento problemático de sua mãe. Nesses momentos, pulsões de vida e morte entraram em combate no universo das emoções mais intensas da autora, desvelando situações essenciais de sua infância, juventude e fase adulta.
O professor e psicanalista Marcelo Bueno apresenta os seguintes detalhes presentes no relato: “A possibilidade de um acidente fatal numa estrada e a internação em UTI por COVID-19 revelaram a Catherine Millot a morte como desejo, iminência e presentificação. Uma realidade que é inseparável da condição existencial de quem tem o corpo atravessado pela linguagem”. E a editora brasileira, Fernanda Zacharewicz, complementa: “Frente a essas questões de finitude, percebe-se o fruto do longo processo analítico de Millot que a leva a refletir sobre a beleza, o sublime e as conquistas de sua existência. É, sem dúvida, uma escrita que escancara o que de melhor pode resultar no processo de uma análise.”
Ainda na composição do relato, é interessante destacar a leitura de muitos autores, como o já citado Lacan e Dostoiévski, Beauvoir, Kant, Blanchot, Poe, Michaux, Guyon, Hillesum, Tólstoi, Céline, Beckett, dentre outros, que fundamentam as formas de interpretar os problemas que se apresentam à autora, assim como possibilitam a busca por soluções para esses mesmos problemas.
O poeta e contista Henrique Pimenta, disse que no conjunto de temas do livro, o que mais o emocionou foi a relação da autora com sua mãe: “Eu me senti tocado pelo relacionamento conturbado entre a Catherine e sua mãe Odette, porque é algo que sempre observei de muito perto, com o envelhecimento, a doença e a morte de alguns de meus familiares mais queridos. E, no caso de Catherine, existe um agravamento, porque sua mãe era, então, uma idosa longeva, que chegou a mais de 100 anos de idade. Esses encontros e desencontros familiares são comoventes, no mundo da literatura e no mundo de carne e osso”.
Nota-se, ainda, que a escrita de “Um riacho pouco profundo” apresenta tanto a trajetória pessoal e familiar quanto a trajetória terapêutica da autora, em que se desvelam assuntos polêmicos desde o seu nascimento, no passado, até a época em que se desenvolve a história principal, no presente.
O Clube de Leitura do SESC Cultura, portanto, convida a todas e a todos para conversar sobre esse livro, que é denso, mas essencial, assim como geralmente é, também, a nossa realidade imediata. Por fim, é bom lembrar que o clube é aberto a todas as pessoas que se interessam por boas obras literárias e que não é necessária a leitura integral do livro para participar do encontro.
SERVIÇO
EVENTO: Clube de Leitura do SESC Cultura
LIVRO: “Um riacho pouco profundo”, de Catherine Millot
LOCAL: Sesc Teatro Prosa
R. Anhanduí, 200 – Centro, Campo Grande
DATA: Sábado, 29 de novembro, às 14h




















