Um dos mais incidentes no Brasil e a principal causa de morte por câncer entre as brasileiras (16,1%), o câncer de mama deve atingir cerca de 74 mil mulheres entre 2023 e 2025, segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca). O câncer de mama feminino representa aproximadamente 15% dos casos novos no período e é o que mais acomete as mulheres (30,1%).
Segundo o levantamento do órgão, são esperados 704 mil casos novos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025. Excluindo o câncer de pele não melanoma, espera-se a ocorrência de 483 mil casos novos, sendo 49,5% em homens (239 mil casos novos) e 50,5% (244 mil casos novos) em mulheres.
Saúde pública – Segundo o Inca, estimativas do número de casos novos são uma ferramenta poderosa para fundamentar políticas públicas e alocação racional de recursos para o combate ao câncer. “A vigilância do câncer é um elemento crucial para planejamento, monitoramento e avaliação das ações de controle”, cita o relatório.
O cirurgião oncológico da Unimed Campo Grande, Dr. Cezar Augusto Vendas Galhardo, explica que esses números já eram esperados, devido ao aumento dos fatores de risco, principalmente em países desenvolvidos. “Fatores como menarca precoce (sabemos que nossas crianças estão menstruando cada vez mais cedo), nuliparidade ou gravidez após os 30 anos (as mulheres têm engravidado cada vez mais tarde), uso de contraceptivos orais, uso de terapia de reposição hormonal pós-menopausa e obesidade são fatores cada vez mais presentes em nossos dias atuais. Então, estes números expressam tais mudanças de comportamento”, diz.
Cuidados – O número de mulheres diagnosticadas com câncer de mama na faixa dos 30 anos vem aumentando, o que reforça a importância de se fazer os exames de prevenção na população com casos da doença na família mais cedo, e não apenas a partir dos 40 anos. Além de fatores genéticos, o câncer de mama é uma doença multifatorial, com influência de hábitos como cigarro, sedentarismo, obesidade, entre outros.
“O estilo de vida da mulher pode influenciar para um caso positivo de câncer de mama. A influência genética exclusiva é responsável apenas por 5 a 10% de todos os casos de câncer de mama, todo o restante tem influência ambiental exclusiva ou associada. Uma alimentação saudável variada com frutas, verduras, fibras, associada à atividade física regular, manter o peso adequado e reduzir o consumo de bebidas alcoólicas pode ajudar a reduzir o risco de câncer”, explica o médico.
Diagnóstico precoce – O Outubro Rosa reforça o alerta sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. Conforme a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), as chances de cura da doença em estágio inicial chegam a 95%. O médico explica que o autoexame é pouco recomendado nos dias atuais, pois descobriu-se que apesar dos potenciais ganhos das mulheres identificarem tumores na mama por si só, isso trazia junto uma falsa sensação de segurança e a mulher descuidava do exame médico profissional e dos exames de rastreamento.
“O autoexame é mais um fator de auxílio no combate desta doença, porém sozinho pode apenas trazer diagnósticos tardios, o que não é o que buscamos. Quando pensamos no fator mais importante na taxa de cura de câncer, sem dúvida é o diagnóstico precoce, que se faz com exames de rastreamento, como mamografia e o ultrassom, antes de apresentar qualquer sintoma, como um nódulo palpável, por exemplo”, conclui.