Por conta do aumento do número de casos de coronavírus em Campo Grande e como consequência, a falta de oferta de leitos hospitalares, foram decretadas medidas restritivas para tentar reduzir o contágio e garantir que todos tenham acesso a leitos nos hospitais da cidade. Diante deste cenário, os vereadores debateram na live desta quarta-feira (31) da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Campo Grande, a decretação ou não, das medidas restritivas de lockdown na Capital.
O vereador Dr. Sandro Benites, presidente da Comissão de Saúde da Casa de Leis, abriu a live passando a palavra para o vereador Otávio Trad que iniciou o debate onde informou que vereadores, autoridades do município e representantes do Consórcio Guaicurus, estavam reunidos na sala da presidência para discutir novas medidas que serão decretadas. Presidente da Comissão de Legislação, Justiça e Redação, o vereador adiantou que os próximos decretos devem flexibilizar as medidas restritivas a partir desta segunda-feira (31) na cidade. “Além da flexibilização, a prefeitura vai adiar as datas de vencimento das próximas parcelas do IPTU”, informou Otávio Trad.
Vice-presidente da Comissão de Saúde, o vereador Vitor Rocha, apresentou o balanço dos casos da doença. De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) nesta terça-feira (30) são 85.062 casos confirmados e 1.867 óbitos.
Dos 85.062 casos confirmados, 599 estão internados e 1.020 estão em isolamento domiciliar. Das 599 pessoas que estão internadas, 270 estão em Leitos UTI (161 em leitos públicos e 109 em leitos privados), 323 estão em Leitos Clínicos (147 em leitos públicos e 176 em leitos privados) e há 6 pacientes em Pronto de Atendimento Médico (PAM). Em Mato Grosso do Sul 213.869 casos confirmados e 4.220 óbitos. O Brasil já registra 12.658.109 casos confirmados e 317.646 óbitos.
Convidado pelos vereadores para participar da live, o empresário Renato Paniago, presidente da Associação comercial e industrial de Campo Grande (ACICG), entidade que representa mais de 8 mil empresas da Capital, disse que a situação é extremante crítica, e que o comércio tem buscados proteger seus colaboradores e consumidores. “Não somos contra medidas eficientes para conter a pandemia, tanto que no início fomos a favor das restrições. Mas já estamos há um ano nessa situação e isso acabou prejudicando a manutenção das empresas e empregos. Precisamos todos trabalhar juntos”.
Para o presidenta da ACICG quando se restringe as atividades do comércio, prejudica principalmente os pequenos comerciantes que correspondem a mais 30% do que é produzido no país e 50% dos empregos gerados. “Pessoas que estão paradas e que não conseguir pagar suas contas, são mais de 4000 empregos extintos. Uma população sem emprego não tem qualidade de vida, se as restrições continuarem, mais empresas irão fechar e mais empregos perdidos”, enfatiza
Renato Paniago encerrou sua fala destacando que as empresas estão cumprindo todas as medidas de biossegurança e que as atuais medidas restritivas decretadas pelo Governo do Estado e Prefeitura de Campo Grande não foram eficazes para conter o avanço da pandemia. “Estamos todos no mesmo barco, precisamos cada um fazer a sua parte, conversar e alinhar mais nossas decisões”.
Também convidado para o debate, o infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Julio Croda, apresentou o quadro onde mostra o Brasil com 11% de óbitos no mundo pelo coronavírus. O infectologista explicou que em Campo Grande houve medidas restritivas e não lockdow, conceituou a diferença entre ambos e que no Brasil não foi adotada a medida. “Lockdown funciona se for bem feito, se não, continua como está, é preciso que a sociedade colabore. Não adianta decretar se a população não aderir”, afirma Croda
O pesquisador da Fiocruz ressaltou que para haver uma flexibilização das restrições nos próximos dias, além de mais garantir leitos, é necessária a redução da transmissão reduzindo a mobilidade. Citou países como o Chile, que com medidas restritivas, diminuiu a taxa de contágio.
Julio Croda destacou que desde o início da pandemia nunca tivemos uma taxa ideal de isolamento social, ressaltou o esforço das cidades e do Estado que atingiu a marca de 10% de vacinados, contudo é necessário um índice de 80% para frear o coronavírus. “Mais uma vez reitero que devemos continuar com o uso de máscara, cuidados com a higiene e distanciamento social”. Quanto ao tempo necessário de duração das medidas para conter a pandemia, o infectologista afirma não ser possível estabelecer um parâmetro que dependerá do número de casos, internados e de óbitos.
Questionado sobre as medicações para o tratar a doença, o vereador Vitor Rocha questionou Julio Croda a respeito do tratamento precoce e sua eficácia. Por sua vez, o pesquisador disse que o médico tem autonomia de prescrição, entretanto de acordo com ensaios clínicos esses medicamentos não apresentaram eficácia contra a covid.
Os internautas que acompanharam a live fizeram perguntas aos debatedores. A internauta Emmanuele Costa, perguntou se quando ‘soltar’, ou seja, se houver liberação dos decretos, as taxas de infectados e mortes, vai aumentar. Dr. Croda foi taxativo que para liberação total a única solução é a vacinação em massa, do contrário, “libera tudo agora, fecha tudo de novo em breve”.
Outro internauta quis saber o que ACICG tem feito para proteger seus colaboradores e associados. O presidente da ACICG disse que com o apoio do Sesc montaram um protocolo de biossegurança. “O comercio não é um agente contaminador e sim educador, já que estamos desde o começo da pandemia participando do comitê de enfrentamento ao Covid, distribuímos mascaras e álcool gel, além de estar sempre orientando e esclarecendo seus associados sobre as medidas que devem ser adotadas.
O vereador Sandro Benites finalizou a live onde se colocou favorável ao tratamento precoce da Covid, já que é uma forma de também acolher o paciente e destaca que as lives da Comissão de Saúde da Câmara Municipal têm buscado esclarecer e orientar a população por meio dos debates. “Sempre procuramos trazer diferentes pontos de vista para melhor encontrarmos soluções e podermos vencer esta pandemia”.
Asssessoria de Imprensa da Câmara Municipal.