Quando o estresse e as demandas ocupacionais consomem grande parte da rotina, é comum negligenciar a importância dos exercícios físicos. No entanto, além dos benefícios óbvios para a saúde, a prática regular de atividades físicas desempenha um papel crucial na maximização da experiência de viagens de lazer, como no período de Carnaval. Porém, uma pesquisa realizada pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) revelou que 52% dos brasileiros raramente praticam ou nunca praticam atividades físicas. Dos que praticam, 22% exercitam-se diariamente, 13% pelo menos três vezes por semana e 8% ao menos duas vezes por semana, o que pode afetar o aproveitamento no agito dos bloquinhos, trios elétricos e festividades.
Leticia Marchetto, bailarina formada em educação física e criadora do Ballet Fly, uma modalidade de exercício que mistura dança com tecidos e acrobacias aéreas, declara que o condicionamento físico adequado é fundamental para desfrutar plenamente das atividades turísticas, que muitas vezes exigem longas caminhadas, trilhas desafiadoras ou até mesmo esportes de aventura. “Se a pessoa não tiver musculatura para sustentar o corpo, no pouco de caminhada que ela vai fazendo, ela vai se machucar e sobrecarregar as articulações, porque elas vão estar sem a atividade muscular bem feita”, afirma.
De acordo com Leticia, a antecedência na preparação para um período de lazer é crucial, idealmente iniciando um ano antes da viagem. No entanto, mesmo com prazos mais curtos, dedicar-se a um programa de exercícios três vezes por semana pode trazer benefícios significativos. “O ideal é começar. O perfeito é começar um ano antes, mas às vezes decidimos a viagem quase em cima da hora, mas se até um mês antes da viagem a pessoa começar a se preparar, ela já vai ter um aproveitamento melhor”, enfatiza a especialista.
A especialista comenta que a falta de preparo físico para destinos urbanos, por exemplo, onde longas caminhadas são frequentes, pode causar aos viajantes dores nas costas e cansaço após alguns dias de exploração no destino turístico. “É essencial investir em um treinamento específico que inclua ganho de força abdominal e muscular, com exercícios como agachamento, fortalecimento do core e estabilidade dos tornozelos”, complementa.
“Já para viagens que envolvem praias e montanhas, onde a prática de esportes ao ar livre é comum, é fundamental realizar um preparo físico direcionado”, recomenda. Aulas de pilates, funcional e outros exercícios que trabalhem a resistência muscular e a mobilidade são recomendados pela especialista em educação física, especialmente para atividades como esqui e rapel.
Leticia reforça que a prática regular de atividades físicas não apenas melhora a condição física, mas também aumenta os níveis de energia, disposição e qualidade do sono, aspectos essenciais para desfrutar plenamente de uma viagem. “Se você não priorizar o seu corpo, ninguém vai. Na hora que você tiver férias, as suas férias não vão ser tão boas ou bem aproveitadas como seriam se você colocasse o seu corpo e você como algo que também importante, tão importante quanto as outras áreas da vida”, concretiza.
Leticia acredita que muitas vezes, a falta de prazer em se exercitar está relacionada com a crença de que aquilo é impossível, muito difícil, muito ruim, ou até mesmo dolorido. Portanto, traz a recomendação das aulas de Ballet Fly, modalidade que oferece treinamento de força, flexibilidade, equilíbrio e coordenação. “O Ballet Fly traz para o visível, para o tangível, o que a pessoa é capaz de fazer e a partir daí, as pessoas começam a descobrir uma prática prazerosa”, complementa.
A especialista explica que logo nas primeiras aulas busca trazer a sensação da superação e empoderamento, pois o primeiro trabalho que o Ballet Fly faz é diretamente na mente. “A maior parte das pessoas que procuram o Ballet Fly estão sedentárias, fora de forma e elas chegam me perguntando, quase pedindo permissão para participar da aula, muitas vezes se justificando para eu pegar leve, porque elas estão sedentárias. Quando elas conseguem realizar um movimento descobrem que são capazes e que aquilo talvez seja possível para elas”, declara.
Para Leticia, esse é um trabalho educativo que precisa ser exposto e falado. “As pessoas que praticam atividades físicas precisam falar sobre o quanto trouxe diferença, porque senão muitas pessoas vão passar pela vida sem saber o quanto elas poderiam ter aproveitado simplesmente porque ninguém nunca contou. É uma questão de educação e de cultura, e a gente precisa mudar isto”, finaliza a bailarina.