Ação emergencial desenvolvida na zona rural de Itaquiraí é citada como exemplo de medidas para reduzir os impactos das queimadas e da seca na agricultura familiar de Mato Grosso do Sul. O assunto fez parte do encontro realizado, na quarta-feira (18), nas dependências da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems), que reuniu os ministros Wellington Dias (MDS) e Paulo Teixeira (MDA), com o governador Eduardo Riedel, o secretário da Semadesc, Jaime Verruck, o diretor-executivo da Agraer, Marcos Roberto Carvalho, e outras autoridades estaduais, para tratar dos problemas relacionados às mudanças climáticas e aos uso indiscriminado do fogo.
O governador Eduardo Riedel destacou a agilidade das ações de Itaquiraí e da importância dessa cooperação entre as esferas estadual e federal para encontrar medidas que possam socorrer a população, atender as propriedades e cuidar do meio ambiente.
“De maneira emergencial, atuamos na busca por alimentos para o rebanho, mobilizando empresas do Estado seja na doação e, também, na compra e fornecimento de insumos. Assim, garantimos o sustento dos animais até a recuperação das pastagens, que deve ocorrer dentro de 50 a 60 dias. Paralelamente, ações permanentes da Agraer estão em curso, como o apoio direto às famílias mais necessitadas, tanto com cestas básicas quanto com nutrição para os animais das pequenas propriedades.”
Em Itaquiraí, a iniciativa é fruto de uma força-tarefa envolvendo o executivo estadual, por meio da Semadesc/Seaf e Agraer, em parceria com a Prefeitura e empresas locais, como a Inpasa e a Rio Amambai Agroenergia. O objetivo é apoiar os agricultores familiares que enfrentam uma das secas mais severas do município e que, infelizmente, não se restringe a região.
Marcos Roberto Carvalho, diretor-executivo da Agraer, detalhou as contribuições das empresas parceiras. “A Inpasa doou 30 toneladas de farelo de milho, o DDGS, enquanto a Rio Amambai disponibilizou 180 toneladas de bagaço de cana-de-açúcar. Esses insumos estão sendo usados na produção de alimentação suplementar emergencial para o rebanho bovino, sob a nossa supervisão técnica,” explicou.
Crédito e Ater – O ministro do MDA, Paulo Teixeira, enfatizou a importância de priorizar o crédito para os agricultores afetados pelas adversidades climáticas, apontando o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar como alternativa para o suporte financeiro. “Estamos disponibilizando R$ 500 milhões em crédito no Pronaf para o Mato Grosso do Sul, com o objetivo de apoiar a agricultura familiar, com a possibilidade de disponibilizar acesso extra a linha Pronaf A às famílias atingidas diretamente pela seca e queimadas. Além disso, queremos garantir que esse crédito seja combinado com assistência técnica, fundamental para o sucesso dos projetos,” afirmou o ministro.
O ministro do MDS, Wellington Dias, destacou a importância da visita ao Estado. “Viemos para ouvir quem entende a realidade do Mato Grosso do Sul que são os dirigentes daqui. Queremos receber os planos locais e trabalhar de forma integrada com a bancada federal, a Assembleia Legislativa, os municípios e o Governo do Estado.”
Já na outra ponta, em âmbito de quem sente na pele, como o agricultor familiar Marcos Antônio Rodrigues, do Projeto de Assentamento (PA) Santo Antônio, em Itaquiraí, há o sentimento de esperança apesar das preocupações. “A situação é difícil, com seis meses sem chuva e o agravamento das queimadas. Mas, a chegada do bagaço de cana e do DDGS foi providencial. As famílias aqui estão muito agradecidas por esse apoio do poder público, que chegou no momento certo. E, a gente vem contando com a assistência da Agraer nesse trato do rebanho”, afirma.
Adriano Schuffner, coordenador local do escritório da Agraer de Itaquiraí, explica que além dos os insumos é primordial a disponibilização de Ater pública para garantir que os insumos cheguem aos produtores de maneira eficiente. “Estamos acompanhando de perto a distribuição da alimentação suplementar e oferecendo suporte técnico para que os agricultores possam atravessar esse período crítico com o mínimo de perdas”.
Assim, o município é um exemplo claro de como a integração entre governos, empresas e municípios pode trazer soluções rápidas para mitigar os impactos de crises climáticas na agricultura familiar.
“Queremos que medidas emergências e de políticas de acesso ao crédito fluam rapidamente. Evidentemente, para o sucesso dessas ações, o ideal é casá-las com a assistência técnica. E é por isso que essa parceria com a empresa estadual de Ater será essencial”, lembrou o ministro Paulo Teixeira.