Celebrar as Bodas de Diamante ao lado da esposa e de seus familiares estava nos planos de Ronaldo José Rosa, 82 anos, e de dona Elci Linck Rosa, 78 anos. Afinal, são 60 anos de união, oficializados em uma cerimônia no dia 19 de maio de 1962, mas a vida tomou outro curso e a tão esperada comemoração precisou ser adiada.
Neste ano o casal tinha decidido comemorar as bodas em abril, já que uma das filhas, que mora na Inglaterra, estaria aqui no Brasil também para passarem todos juntos o aniversário da mãe, no dia 10 deste mês.
No entanto, desde que teve Covid-19, em 2020, Ronaldo, que já tinha alguns problemas de saúde, ficou bastante debilitado, e de lá para cá têm sido dias de muita luta, com acompanhamento médico constante, oxigênio para dormir e fisioterapia, e mesmo com todos os cuidados descobriu uma estenose aórtica severa, que demandava uma intervenção cirúrgica.
Entre uma consulta e outra, ele pedia aos médicos que esperassem passar as bodas de diamante para então fazer o procedimento necessário. “Eu tive muito medo de morrer e de não poder comemorar com ela (a esposa), então queria fazer só depois da celebração. Depois disso, podia acontecer qualquer coisa porque teríamos celebrado mais um ano juntos, mas o Dr. Augusto explicou certinho como seria e isso me tranquilizou, entendi que era preciso fazer logo”, relembra Ronaldo.
Antes da data prevista ele sentiu-se muito mal e no dia 30 de março foi internado na Unidade Coronariana do Hospital Unimed Campo Grande. No dia 9 de abril, finalmente passou pelo Tavi, “um procedimento que se tornou um marco na história das cirurgias cardíacas, porque não requer abertura do tórax, possibilitando correções menos invasivas em pacientes de alto e muito alto risco cirúrgico”, explica Dr. Augusto Daige, cardiologista da cooperativa médica, que realizou o procedimento junto à sua equipe.
Um dia após a cirurgia os quatro filhos do casal: Ronaldo Júnior, Simoni, Denise e Kátia, e os sete netos, estavam todos em Campo Grande. “Ficamos com o coração apertado antes da cirurgia, mas sabíamos que não tinha mais como esperar e no fim, deu tudo certo. Esse foi o 1º aniversário da minha mãe que eles não passaram juntos”, conta Denise, uma das filhas.
“Mesmo com ele internado e sem poder almoçar com a gente no meu aniversário, foi um dia de muita alegria para nós, porque a cirurgia foi um sucesso e ele estava bem. Então, sabíamos que logo ele estaria em casa de novo. Nesse dia fiquei um tempo com ele no hospital e depois fomos almoçar todo mundo feliz porque tinha uma razão a mais para comemorar”, fala dona Elci.
Já em casa, no dia 28 de maio o casal pôde, enfim, celebrar os 60 anos de união na companhia dos filhos, noras, genros, netos e amigos mais próximos. “Comemorar ao lado dele 60 anos de casados foi muito especial, por tudo o que a gente passou esse ano e porque hoje em dia é muito difícil os casais ficarem tanto tempo juntos, na saúde e na doença, como a gente fala no dia do casamento”, comenta dona Elci.
A filha Denise faz questão de lembrar o quanto o pai é um homem amoroso e a importância dessa data para ele. “Meu pai é um homem muito romântico, lembra das datas importantes, comemora sempre e gosta de festar. Então, conseguir eternizar este momento foi maravilhoso. A celebração se restringiu aos familiares e ele teve o privilégio de ter a presença do irmão mais novo, que há muitos anos não via. Foi tudo muito simples, só para a família, mas eles estavam muito felizes”, conta.
Depois da celebração, o cardiologista, que realizou o procedimento cirúrgico em Ronaldo, recebeu uma mensagem de agradecimento. “É muito emocionante receber esse carinho. Para nós, médicos, que nos dedicamos a salvar vidas, é maravilhosa a sensação de ver um paciente como ele voltando para casa, sem nenhuma complicação, com praticamente todas as funções restabelecidas, e ainda podendo comemorar 60 anos de casado com sua esposa”, falou Dr. Daige.
Senhor Ronaldo finaliza “depois de tudo isso que aconteceu, eu quero viver, aproveitar tudo com a minha família, com a Elci, porque esses momentos são os valores que a gente carrega na vida”.