A poesia, a dança e o cinema se encontram nos trilhos da antiga malha ferroviária de Mato Grosso do Sul. Já está disponível para acesso, no canal do Youtube (@pamellarani), o vídeo-arte “Olha! Lá vem o trem chegando”, obra audiovisual que percorre caminhos de memória, deslocamento e identidade com uma narrativa sensível e poética sobre a história da ferrovia que ajudou a construir a história do Estado.
Com oito minutos de duração, a criação está disponível, gratuitamente, no streaming e pode ser utilizada por escolas, universidades, coletivos artísticos e pelo público em geral como referência criativa, material de estudo ou ponto de partida para debates sobre vídeo-arte, performance, memória e território.
O trabalho é fruto da parceria entre Pâmella Rani — que assina o texto, a interpretação, a voz e a dança — e Julián Vargas, músico e artista plástico responsável pela trilha sonora, câmera, montagem e ilustração.
A proposta nasceu do poema “Olha! Lá vem o trem chegando”, escrito por Pâmella em 2023 durante uma viagem a Corumbá. Inspirada pela paisagem do Rio Paraguai e pelos fluxos humanos que atravessam fronteiras, a obra convida o espectador a mergulhar em gestos e imagens que evocam deslocamentos, memórias familiares e afetivas.
Gravado entre Campo Grande e Corumbá, o vídeo percorre antigas estações ferroviárias, rios e cenários marcados pelo tempo, explorando os vínculos entre território, corpo e história. A trilha sonora — com influências de Naná Vasconcelos e Metá Metá — combina percussões orgânicas, sons de pássaros, águas e ecos de trem, criando uma atmosfera que guia o movimento e a narrativa visual.
Para Pâmella, a obra provoca também uma reflexão sobre o papel simbólico e real da ferrovia no estado. “O projeto retrata esse trem que chegou e propõe pensar: onde ele está hoje? Qual foi e qual é a sua importância? Ele se foi? É um convite para revisitar a história e perceber o que permanece nos nossos caminhos, no nosso imaginário e nas nossas relações com o território”.
A obra também se destaca pelo compromisso com a acessibilidade: está disponível com audiodescrição, legendas e tradução em Libras, reforçando o acesso inclusivo à produção cultural.
“É um trabalho que fala de memória, mas também de futuro — de como os caminhos que percorremos nos moldam e nos movem”, reforça Rani.
Para Julián, a força da obra está na fusão entre som, imagem e movimento: “O som é a linha que costura o trem e o rio; a paisagem, mais do que cenário, é personagem”.
Realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo (LPG), do MinC – Ministério da Cultura, Governo Federal, com apoio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), Setesc e Governo do Estado, o projeto fortalece a produção audiovisual experimental e poética no MS, valorizando o protagonismo dos artistas locais. Assista gratuitamente ao vídeo-arte no YouTube (@pamellarani). Mais informações pelo Instagram – @raniepam.