Audiência pública realizada na Câmara Municipal, na manhã desta quarta-feira (01), mostrou que a região urbana do Anhanduizinho, que tem cerca de 240 mil habitantes e concentra boa parte da população de poder aquisitivo mais baixo na cidade, é a que registra maior número de casos diagnosticados de HIV desde 2011. Dos 2.116 casos acompanhados pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) em toda Campo Grande, a área concentra 552, ou 26% do total.
“É um tema que, infelizmente, ainda é tabu na nossa cidade. Todos os serviços públicos foram afetados na pandemia, pois o momento era de focarmos na pandemia. Então, essa audiência tem o intuito de debater esse tema com a sociedade, quebrar tabu e entender melhor o panorama na cidade, saber quais atitudes tomar para oferecer um melhor atendimento, entender o que precisamos avançar. É muito importante”, disse a vereadora Camila Jara, proponente da audiência.
Os números apresentados na audiência mostram ainda que a região urbana do Bandeira tem 332 diagnosticados com a Aids. O Lagoa, que tem população parecida, tem 320 casos. Essas regiões englobam alguns dos bairros mais populosos e carentes de Campo Grande, como Centro-Oeste, Los Angeles, Centenário, Lageado, Dom Antônio Barbosa, Jardim Canguru, entre outros. As regiões do Imbirussu (244), Prosa (234), Centro (157) e Segredo (274) completam a lista.
“Campo Grande e Mato Grosso do Sul apresentam taxas de detecção maiores que o Centro-Oeste. Então é uma realidade que a gente não pode ignorar. Além disso, observamos uma mudança no modo de transmissão, que antes ocorria principalmente por relações sexuais, e no último ano passou a ter maiores registros de transmissão vertical, que é a passagem do vírus da mãe para o bebê. Precisamos discutir esses fenômenos e pensar em soluções em conjunto com a sociedade, para salvar vidas e também combater o preconceito e a desinformação”, continuou a vereadora.
Os dados da audiência mostraram ainda que, dos casos registrados entre 2011 e novembro deste ano, 71% são de homens, e 29% em mulheres. A pasta também registrou, no mesmo período, 587 óbitos por Aids em adultos, média de 53 por ano.
Segundo a coordenadora de programas IST/Aids da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Fabiane Dittmar, a pasta adotou uma série de medidas para aperfeiçoar a atenção ao portador do vírus, bem como garantir atendimento a todos que precisam dos medicamentos para o controle da doença.
“A pessoa em tratamento vai tratar uma doença crônica igual hipertensão ou diabetes. O serviço está atento a essa situação, e estamos trabalhando com foco na redução dos casos em abandono e precisamos estabelecer um canal de comunicação”, disse, lembrando que a Sesau descentralizou o tratamento para 22 unidades dispensadoras de medicamentos.
A audiência foi realizada no dia 1º de dezembro, data que marca o Dia Mundial de Luta contra a AIDS. Dados da Unicef apontam ainda que pelo menos 310 mil crianças foram contaminadas com o HIV no ano passado, o equivalente a um menor a cada dois minutos. Além disso, estima-se que 18 milhões de pessoas vivem com HIV/Aids no Brasil.
Assessoria Câmara.