Por: Milena Coelho
Janeiro chega trazendo consigo diversos planos e metas para muitos de nós. Lendo essa frase isoladamente, talvez pensemos com certa brevidade em quem não tem planos e metas, mas o sentido aqui empregado é acerca da intensidade e da qualidade, não acerca da presença ou ausência. Explico. Não é que não tenhamos planos e metas, de fato, ainda que implicitamente, todo ser humano vivencia suas experiências relacionando-as ao que aprendeu anteriormente e pensando no que pode vir a seguir.
Alguns traçam planos pensando na saúde física, outros ainda desejando mais a parte estética do que a saúde em si. Há aqueles também que buscam melhores fontes de rendimento, ou alternativas que lhes tragam mais conforto. Mas há quem não trace planos explícitos, com nenhum planejamento financeiro, mas tem o plano, ainda que não declarado abertamente, de sobreviver.
Culturalmente, Janeiro acaba sendo este mês em que as pessoas pensam em recomeços. Neste comportamento de pensar e aos poucos perseguir seus planos é que podemos nos colocar em ciladas armadas por nós e pela cultura desenfreada do consumismo, haja vista precisarmos lidar com inúmeras variáveis intercorrentes.
Falando para uma classe mais favorecida socialmente, podemos pensar em um eletrodoméstico que precisa de conserto, quiçá de outro, já que estamos em tempos descartáveis ou líquidos, como diria Bauman, que nos leva às relações que também podem não seguir o nosso planejado.
Mas por que escrever um texto tão denso em pleno janeiro? Para que tenhamos nossos pés no chão e nossos olhos abertos, senão poderemos entrar novamente em uma escravidão cega, que nos coloca em planos que são inatingíveis, fazendo com que o ser humano permaneça não só alimentando uma cultura, antes dita, desenfreada do consumismo, mas também em uma frustração cíclica.
A campanha de Janeiro branco nos traz o pedido do equilíbrio. Para termos uma saúde emocional em equilíbrio, precisamos continuamente avaliarmos quais são os nossos planos e sonhos. De que eles são construídos? Ao que corroboram? Quando chegarmos nesta lucidez, alcançaremos o tão almejado equilíbrio.
*Milena Coelho é docente do curso de Psicologia da Estácio.