Em fase de conclusão de sua implantação, o trevo que ordenará o acesso a Porto Esperança pela rodovia BR-262 receberá até o final de agosto a capa asfáltica e será liberado quando for finalizada a estrada até o antigo distrito de Corumbá, cuja abertura está sendo executada pelo Governo do Estado com recursos do Fundersul.
A obra de R$ 20,7 milhões vai tirar a comunidade ribeirinha do Rio Paraguai do isolamento que perdura desde os anos de 1990, com o fim do Trem do Pantanal. Porto Esperança nasceu com a chegada dos trilhos da antiga Estrada Noroeste do Brasil às barrancas do rio, em 1912, se tornando importante entreposto de cargas e passageiros.
Considerada uma obra emblemática para a sub-região do Pantanal, ao integrar a comunidade com a cidade, distante apenas 80 km, e fomentar o turismo de pesca e histórico e gerar renda no lugar, a estrada de revestimento primário (cascalhada com resíduos de minério de ferro) terá 11,2 km de extensão em meio a uma planície alagável.
Moradores: mais esperança
“Não consigo entender como uma comunidade de 100 anos não tinha acesso a serviços básicos, com um grande potencial para desenvolver o turismo”, afirma o governador Reinaldo Azambuja, que lançou a obra no ano passado, ao visitar o distrito, e entregou a estação de tratamento de água e rede de distribuição da Sanesul para as 130 famílias que ali residem.
A felicidade dos moradores, a maioria vivendo em casas simples sobre palafitas, traduz a importância da ligação de Porto Esperança com a BR-262, Quando chove, o único caminho até a ponte é o rio, onde o transporte para Corumbá é de ônibus ou carona, onerando o bolso de quem precisa ir a cidade, por doença ou resgatar sua aposentadoria.
“Quando alguém fica doente é um Deus nos acuda, pois nem todo morador tem condições de pagar o transporte pelo rio”, relata a líder comunitária Natalina Mendes. Uma viagem de ida e volta a Corumbá custa, em média, R$ 350,00, incluindo barco e ônibus. Com a paralisação do trem, o distrito entrou em decadência e perdeu 70% da população.
Drenagem: sistema complexo
Quem trafega pela BR-262 nas proximidades da ponte sobre o Rio Paraguai já percebe o novo traçado em direção ao distrito e a intensa movimentação de máquinas e operários. As etapas do serviço incluem a implantação do trevo, a uma distância de 6,5 km da ponte, e abertura do acesso, que terá, em alguns trechos, aterros de até 3,5 metros.
A sonhada estrada foi projetada distante da margem do Rio Paraguai levando em consideração as grandes inundações que ocorrem na região, conhecida como Nabileque. O antigo acesso, aberto pelos próprios moradores, margeia o rio, sem infraestrutura, e torna-se intransitável na cheia e quando chove. O solo é característico do Pantanal: argila saturada (acúmulo de água).
Segundo a empresa Equipe, executora da obra, foram concluídas a terraplenagem e sub-base em 5,5 km de estrada. O serviço avança por mais 2,2 km, com abertura do traçado, lançamento de material e implantação dos canais de drenagem. O controle das águas exigirá a instalação de 27 aduelas (blocos de concreto), algumas em formato triplo.
A obra ainda depende de liberação de um pequeno trecho próximo ao trevo com a BR-262, por onde passa o gasoduto Bolívia-Brasil, com previsão de implantação de uma ponte de vazante de 20 metros para evitar o impacto do tráfego pesado com o solo em área restrita. A estrada terá duas pontes de concreto, de 54 e 48 metros, também 1em execução.