Como forma de garantir a construção de uma sociedade mais plural e menos desigual, a APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), faz o chamado para o projeto “Aldear a Política”, onde candidaturas indígenas de todo o país são apoiadas pela instituição para que haja mais representatividade aos povos originários do Brasil. Em Mato Grosso do Sul, a representante do projeto é a candidata a deputada estadual pelo PSOL, Val Eloy Terena.
Val é uma mulher terena, que nasceu na aldeia Ipegue, localizada no território indígena Taunay-Ipegue, no município de Aquidauana. Em 2014 liderou uma retomada indígena na periferia de Campo Grande e tornou-se cacique da comunidade Tumuné Kalivono – atual aldeia Ynamati Kaxé. No ano de 2020 concorreu nas eleições municipais da Capital como vice-prefeita e agora concorre a uma das 24 vagas da ALMS (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul).
Apesar de Mato Grosso do Sul ter uma população estimada de 100 mil indígenas, até hoje nenhuma cadeira da ALMS foi ocupada por uma pessoa desta parcela da população. A candidata se diz honrada em participar deste projeto, ainda mais por ser mulher e indígena.
“Saí como deputada por todos os direitos que nós, povos indígenas, estamos perdendo. ‘Aldear a Política’ dá visibilidade para os indígenas, temos várias candidaturas pelo país e temos que ocupar este espaço no momento, pois somente nós indígenas sabemos de nossas dores e temos que nos conscientizar em relação a isso”, ressalta.
Caso seja eleita, Val também lutará por outras causas dentro da Casa de Leis. “Temos que nos unir, não queremos ser massacrados por mais quatro anos. Na assembleia vou lutar pelos direitos do meu povo, mas também pelas mulheres, juventude, negros, LGBTQIA+, cultura, entre outras causas que muitas vezes são esquecidas no Estado e que estão cada vez mais tendo direitos retirados”, pontua.
Dia Internacional dos Povos Indígenas
Nesta terça-feira (9), é celebrado o Dia Internacional dos Povos Indígenas. A data foi instituída pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1995 para garantir direitos e condições dignas de vida aos povos indígenas do planeta, assim como a preservação de sua cultura.
Esse movimento foi resultado da atuação de representantes de povos indígenas de diversos países de todo o globo terrestre. Com isso, eles tinham como objetivo criar condições para a interrupção dos ataques sofridos pelos povos indígenas em seus territórios, após mais de 500 anos de expansão das formas de sociabilidade impostas aos indígenas, principalmente pela população de origem europeia.
Mato Grosso do Sul concentra a segunda maior população indígena do país, destacando-se os povos Guarani, Kaiowá, Terena, Kadiwéu, Kinikinau, Ofaié, Guató, Atikum e Kamba. Cada povo com sua cultura, língua, organização social e modo próprio de ver e entender o mundo.
Assessoria.