O ensino de primeira infância é considerado por especialistas como o momento mais importante do desenvolvimento humano. Época de descobertas, início do convívio com outras crianças e fase de alfabetização, é um período determinante na evolução de cada um. É, também, um período com alguns desafios aos educadores. Por isso, Thiago Zola, Mestre em Educação e Head de Produtos da Mind Lab, empresa de transformação social e que visa a redução das desigualdades na educação e na geração de renda, lista quais são os cinco principais desafios dos profissionais que acompanham os alunos nessa fase da vida.
1 – Diversidade de necessidades e de estilos de aprendizagem
As crianças na primeira infância podem ter uma ampla gama de necessidades e estilos de aprendizagem. Alguns podem estar mais avançados em certas áreas, enquanto outros podem precisar de mais apoio. Lidar com essa diversidade e garantir que cada criança receba a atenção e o suporte necessários pode ser desafiador. Para o especialista, é um momento determinante e que requer uma maior atenção do educador: “a sensibilidade do professor neste momento é fundamental. É a figura capaz de observar deficiências no aprendizado e sugerir uma alternativa. E isso requer também muita atenção e habilidade para lidar com perfis distintos de alunos”.
2 – Participação e engajamento dos responsáveis
O envolvimento dos responsáveis pela criação do aluno é fundamental para o desenvolvimento infantil, mas nem sempre é fácil de alcançar. Professores muitas vezes enfrentam o desafio de envolver os pais no processo educacional, especialmente quando existem barreiras como a falta de compreensão sobre a importância de se envolver nas atividades. “O trabalho de desenvolvimento dos alunos de primeira infância precisa ser feito em conjunto. Os professores devem manter um contato constante com os pais ou responsáveis que, por sua vez, precisam dispor de tempo para entender as necessidades da criança. É um momento muito decisivo na evolução de cada pessoa e as relações têm de ser bem próximas e construtivas”, afirma Zola.
3 – Recursos limitados
Em algumas oportunidades, os professores de primeira infância lidam com recursos limitados, o que pode incluir um orçamento mais apertado, falta de materiais educativos e espaços de aprendizagem inadequados. Isso pode dificultar a criação de um ambiente de aprendizagem estimulante e rico em recursos. À frente do Programa MenteInovadora, Thiago Zola comenta o impacto que atividades extracurriculares podem levar à vida do aluno: “dados da Mind Lab comprovam que o uso de jogos de raciocínio e métodos metacognitivos, alinhados com uma boa capacitação dos professores, auxiliam no impulsionamento do desenvolvimento dos alunos de forma colaborativa e melhoram em até 10% nas notas. Portanto, é importante investir não só em infraestrutura, mas também em alternativas que agreguem à grade curricular de aulas”.
4 – Desafios comportamentais
Comportamentos desafiadores são comuns na primeira infância devido ao desenvolvimento emocional e social das crianças. Existe o desafio por parte dos professores de enfrentar percalços ao lidar com comportamentos extremos, como agressão, falta de foco e de interesse, entre outros, enquanto ainda tentam manter um ambiente de aprendizagem positivo para todas as crianças. “É um cenário sensível e que exige experiência por parte desses educadores, além de atenção e até mesmo suporte médico aos alunos, se observarem necessário”, comenta o especialista.
5 – Pressão por metas de desenvolvimento
Com a ênfase crescente na prestação de contas e na avaliação do desempenho escolar, os professores de primeira infância muitas vezes enfrentam pressão para garantir que as crianças atinjam os marcos de desenvolvimento esperados. Isso pode ser difícil de alcançar, especialmente considerando as diferenças individuais de cada criança e as limitações de tempo e recursos. “Assim como em todas as profissões, os profissionais da educação também têm metas a cumprir. E é algo que não é exato. Trata-se de pessoas diferentes, de comportamentos e capacidades de reter aprendizagem distintos. São profissionais que merecem valorização por parte não só de pais e alunos, mas da sociedade como um todo”, conclui Zola.